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Parceria inédita cria mestrado em recursos hídricos

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Ação é resposta qualificada às atuais crises, diz presidente da Agência Nacional de Águas

A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou no dia 24 de novembro, em Brasília, o Mestrado Profissional da Unesp em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, que receberá recursos da Agência e será coordenado pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS). A cerimônia foi realizada durante o XXI Simpósio da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), o principal evento técnico da área no país.

“Enfrentamos seca na Amazônia, seca pelo quinto ano no semi-árido do Nordeste, crise de abastecimento no Sudeste, seca no rio Paraíba do Sul e na hidrovia Tietê-Paraná, e um período de chuvas intensas no Sul do país, sem contar o desastre de Mariana, o maior da nossa história e numa bacia relevante, como é a Bacia do Rio Doce”, falou durante a cerimônia Vicente Andreu Guillo, presidente da ANA. “O que nos anima é que, em meio a esse cenário difícil, estamos conseguindo dar uma resposta qualificada para esse tema, fazendo uma articulação inédita de um órgão gestor com as universidades”, disse a respeito da criação do mestrado.

O curso terá cem vagas distribuídas nas seguintes instituições associadas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Espírito Santos (UFES), Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), além da própria FEIS, na Unesp em Ilha Solteira.

Durante o lançamento, Carlos Afonso Nobre, presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) demonstrou satisfação com o formato do curso. “A Capes vem estimulando há cerca de quinze anos os programa de pós-graduação e rede porque no futuro nós vamos precisar operar de uma maneira muito mais colaborativa”, ressaltou.

“São visões diferentes e de áreas distintas do conhecimento, como engenharia, geografia e ciências sociais”, afirma Jefferson Nascimento de Oliveira, professor da FEIS e coordenador geral do mestrado. “Um país continental como o Brasil não pode insistir em tratar problemas complexos e com especificidades regionais de maneira massificada. Temos que trocar e aglutinar experiências de maneira interinstitucional e interdisciplinar.”

Na categoria ‘Profissional’, o mestrado segue sendo uma pós-graduação stricto sensu, ou seja, voltada à produção de ciência, mas terá um foco acentuado na aplicação do conhecimento e na resolução de problemas. Por isso, os candidatos devem ser obrigatoriamente funcionários de secretarias, órgãos ou empresas de gestão de recursos hídricos, saneamento, abastecimento, hidroeletricidade ou atividades relacionadas. Haverá uma prova nacional unificada, e depois uma seleção em etapas, realizada de forma independente em cada pólo. A aplicação do exame será viabilizada pelo Núcleo de Educação a Distância da Unesp (NEaD).

Em entrevista, Taciana Neto Leme, coordenadora de Capacitação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos da ANA e uma das idealizadoras do projeto, explicou que a iniciativa é planejada há oito anos. “Foi com muita alegria que nós recebemos a disposição da Unesp para coordenar o curso”, disse. “Além de ter excelência na pesquisa e ensino sobre recursos hídricos, a Universidade já tem expertise no uso de educação a distância, que terá vital importância na seleção e no oferecimento das disciplinas obrigatórias do curso.”

“Desejo como cidadão brasileiro que esse trabalho posso significar de fato uma melhoria na maneira como nós desempenhamos a gestão dos recursos hídricos, formando grandes profissionais para dar as respostas aos muitos problemas que temos relativos à água”, declarou Arlindo Philippi Jr, diretor de Avaliação da Capes, durante a cerimônia.

Nacional e regional
“Começamos com seis, mas tenho certeza que muitas outras instituições vão querer se associar nos próximos anos, aumentando ainda mais o alcance dessa iniciativa” afirmou em entrevista a coordenadora da área de Ciências Ambientais da Capes, Maria do Carmo Sobral. Professora da UFPE, ela destacou também o diferencial da instituição pernambucana no mestrado. “Nós temos um programa muito bem avaliado com pesquisas de ponta no gerenciamento costeiro e na criação de açudes e outras soluções para acesso à água em regiões de estiagem, por exemplo.”

Mônica Ribeiro Porto Ferreira, professora da USP secretária adjunta da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, salientou o papel de liderança dentro do projeto assumido pela Unesp, uma das três universidades estaduais paulistas. “A responsabilidade do nosso Estado como o maior produtor de ciência do Brasil é a de se colocar a serviço da resolução dos problemas nacionais, sobretudo nesse tema tão urgente e tão fundamental para o desenvolvimento do país.”

“Nós temos uma demanda muito forte de capacitação dos profissionais que estão atuando em órgão gestores e em prefeituras de todo território nacional”, afirmou ao Portal Unesp Jussara Cabral Cruz, presidente de ABRH. “A regionalização é extremamente importante porque o Brasil inteiro enfrenta problemas de natureza hídrica, mas cada local tem sua demanda específica e suas urgências”, completou.

A seleção para o mestrado está prevista para fevereiro de 2016. As informações serão divulgadas pelo Portal Unesp, pela Agência Unesp de Notícias (UNAN) e pelo Podcast Unesp.

Cínthia Leone