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Campus Araras da UFSCar discute mitos e verdades do peixe panga

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Pesquisadores abordam a cadeia produtiva e o consumo dessa espécie popular em todo o mundo

O Brasil, de modo geral, não é um país culturalmente habituado a ter o peixe como principal proteína em sua alimentação. Porém, é perceptível que os hábitos do brasileiro estão mudando. O consumo anual de pescado por pessoa pulou de 6,46, em 2003, para 9,03 quilos, em 2009; atualmente, são 14 quilos, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que sejam consumidos 12 quilos per capita por ano. Segundo a professora Luciana Dias, do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBPVA) do Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), os brasileiros já superaram essa marca graças à elevação do poder aquisitivo e à popularização da culinária japonesa, baseada nos preparos com peixes.

A importação de um peixe com um ótimo custo-benefício, que chega a custar 50% menos que outras espécies, também tem colaborado com essa realidade. É o caso do panga, conhecido popularmente como peixe-gato, uma espécie muito versátil de carne branca, textura firme, sem espinhos e de fácil preparo, criado por meio de técnicas avançadas no Vietnã. O peixe é cultivado em tanques formados artificialmente, com a própria água do rio Mekong – um dos maiores do sudeste asiático. A forte aceitação do produto faz com que o Vietnã exporte para mais de 240 países, entre os quais Estados Unidos, Rússia, Japão, Austrália e países da União Europeia. Em 2010, por exemplo, somente as exportações vietnamitas de peixe panga somaram 659 mil toneladas, o que representa 53% de toda produção brasileira de pescados do ano de 2009 (1,2 milhão de toneladas). Em 2009, o Brasil produziu 132,9 mil toneladas de tilápias e 88,2 mil toneladas de sardinha.

No Brasil, apesar do panga ser utilizado como peixe ornamental há mais de 20 anos, a exploração comercial destinada ao consumo humano é relativamente recente, mas já pode ser considerada um sucesso. No início de abril, por exemplo, os primeiros 200 quilos do pescado fresco, produzidos por uma empresa localizada no município de Cajuru (SP) que chegaram a uma rede de supermercados na cidade de São Paulo, se esgotaram em dois dias.

Mesmo após os mais rigorosos testes de qualidade e com todas as certificações internacionais, o peixe panga ainda é alvo de retaliações disseminadas principalmente por meio de boatos na Internet, que colocam em dúvida sua origem e procedência. A professora da UFSCar assegura que o Vietnã possui mecanismos de controle e regulamentação sérios com instituições que realizam o monitoramento e controle de possíveis perigos à saúde. “O panga é totalmente seguro para alimentação e exportação. Os boatos estão mais relacionados à questão comercial, já que o panga, no Brasil, chega a custar menos que as espécies mais baratas”, explica Dias.

Com o objetivo de discutir a criação e o mercado dessa espécie, no dia 26 de abril, acontece no Campus Araras da UFSCar o I Workshop sobre Pangasius. Serão abordados, das 8 às 16 horas, o histórico e as perspectivas da aquicultura, o mercado nacional aquícola, os desafios nutricionais para peixes exóticos, licenciamento ambiental para o cultivo do panga, além dos mitos e verdades sobre o manejo produtivo, as inovações tecnológicas              em sistemas intensivos de produção de peixes e as linhas de crédito aquícola.

Os produtores rurais, estudantes e pesquisadores que desejam participar podem se inscrever até o dia 25 de abril, pelo site www.pangasius2017.faiufscar.com, no qual há mais informações. O evento tem a gestão da FAI.UFSCar (Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da UFSCar).

anexos:

UFSCar Araras discute mitos e verdades do peixe panga. Foto: FAI.UFSCar