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Arqueólogos do Ceom e da França escavam área habitada por povo Guarani

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Chapecó – SC – Entender a história de uma região ajuda a esclarecer muitos porquês referentes à construção de uma sociedade. Além de relatos históricos, achados arqueológicos também ajudam a preencher as lacunas do tempo. Nos últimos quatro anos, o Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom), com o projeto ‘Primeiros povoamentos do alto rio Uruguai’, vem desempenhando um importante papel nesse quesito. A escavação se viabiliza através de uma parceria com o Museu de História Nacional de Paris e, neste ano, amplia a área de atuação, estudando um local possivelmente habitado por grupos Guaranis.

Com subsídio do Ministério das Relações Exteriores da França, o principal objetivo do projeto é desenvolver pesquisas de campo e laboratório sobre as mais antigas ocupações humanas na região do Alto Uruguai, tanto no Oeste de Santa Catarina como no Noroeste do Rio Grande do Sul. O estudo de campo acontece nas proximidades da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, com três sítios arqueológicos escavados ao mesmo tempo.

Segundo o historiador do Ceom, André Onghero, durante o processo a equipe identificou um local que não havia sido escavado anteriormente e aparentava ter sido povoado por grupos Guaranis. “Depois de averiguarmos alguns indícios encontrados no local, iniciamos a escavação do novo setor. Já identificamos fogueiras e materiais como adornos e utensílios daquele povo. A área parece ter um grande potencial para os estudos arqueológicos referentes à tribo.”

O arqueólogo e professor de história Sul-Americana do Museu de História Natural de Paris, Antoine Lourdeu, também auxilia na escavação. Para ele, o projeto é uma colaboração em todos os sentidos. “Tem aporte financeiro da França e do Brasil, com especialistas dos dois países. É uma integração da competência e do dinamismo das duas nações”. Segundo o professor, apenas com a escavação é possível entender os cenários nos quais os objetos são encontrados. “O objetivo do arqueólogo não é encontrar os objetos no chão. É encontrar esses objetos dentro de um contexto que permite entender a relação entre eles e a data no qual foram produzidos”, explica Antoine.

 

O projeto

Com início em 2013, a escavação foi motivada pela descoberta de lâminas de pedra lascada, que até então não tinham sido encontradas no Brasil. A vinda de vários arqueólogos especializados no estudo de artefatos líticos, através da parceria com a França, possibilitou avançar nas pesquisas e definir estratégias para estudar as ocupações humanas em um amplo período de tempo.

O projeto ‘Primeiros povoamentos do Alto Rio Uruguai’ busca evidenciar os momentos de presença humana durante a pré-história, além de as caracterizar, ou seja, ver como e de que forma viviam no decorrer das eras.

Através da iniciativa foi possível obter datações até então inéditas, como 11,4 mil anos, o que inclui o local como um dos sítios arqueológicos mais antigos do Sul do Brasil. Somado a isso, as demais descobertas da equipe, como a de 2014, quando uma urna funerária foi encontrada, tem motivado a vinda de pesquisadores de várias regiões e também de outros países como voluntários do projeto.

 

Texto Andressa Pomagerski – Estagiária, sob orientação de Greici Audibert

Fotos: Ceom/Unochapecó