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Logística reversa precisa ser aplicada à iluminação pública para destinação correta de insumos

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Sustentabilidade ambiental e econômica também devem ser foco do gerenciamento desses resíduos

O Brasil produz, a cada ano, cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). No entanto, apenas cerca de 4% desse total é reutilizado. É justamente aí que se destaca o trabalho da Logística Reversa, uma forma de pensar o gerenciamento de resíduos e a reciclagem, com foco em sustentabilidade ambiental e econômica. Isso deve incluir os descartes do sistema de iluminação pública, como antigas luminárias em alumínio e as tradicionais lâmpadas de vapor de sódio ou de mercúrio, que possuem elementos químicos tóxicos.

Derek Voigt, engenheiro da empresa de consultoria internacional Arcadis, destaca que há uma forte tendência da troca de equipamentos e consequentemente elevado descarte de materiais. “O setor vem evoluindo na busca por sistemas mais eficientes, como é o caso da aplicação de luminárias LED. Essa tecnologia oferece melhor eficiência luminosa em relação ao consumo e tem sido foco nas modernizações dos parques de IP das cidades”, salienta Derek, que é mestre em engenharia de produção com foco em gestão de operações e logística reversa pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Porém, essa substituição em massa gera a necessidade de um mapeamento de todo o processo para gestão desses resíduos, assim como formas de viabilizar a logística reversa junto a fornecedores e fabricantes. Conforme explica Derek, o objetivo da Logística Reversa é o de recuperar valor em produtos e materiais descartados, trazendo-os de volta ao ciclo produtivo para o reuso, reciclagem, redução ou até mesmo descontaminação, aplicando a destinação final dos resíduos de maneira segura e ambientalmente correta.

Exemplo disso é o trabalho realizado pelo consórcio SQE LUZ, que conta com a assessoria da Arcadis no trabalho realizado em cinco municípios de Santa Catarina. Seguindo protocolos rígidos, o material recolhido é guardado em local específico, conforme as normas ambientais vigentes. Depois, é entregue a uma empresa especializada credenciada para reciclagem, que emite certificado de descontaminação assinado por profissional capacitado. Formado pelas empresas Engie e Quantum Engenharia, o SQE LUZ substituiu 13,6 mil lâmpadas antigas em SC só no primeiro semestre de 2020.

O engenheiro Derek salienta que a responsabilidade quanto à logística reversa, ou seja, em dar a destinação correta dos resíduos das lâmpadas, é de todos os atores da cadeia de suprimentos. “Isso engloba fabricantes, importadores, comércios e consumidores finais. Todos esses interlocutores têm responsabilidade e dever de garantir a correta descontaminação, reciclagem e destinação”, alerta.

Outro bom exemplo de sustentabilidade está em Minas Gerais, onde luminárias de alumínio substituídas no processo de modernização estão recebendo destinação correta e social. O consórcio IP Minas, que tem contrato de parceria público-privada (PPP) com prefeitura da Região Metropolitana de Belo Horizonte, desde agosto doa luminárias antigas à Cooperativa de Materiais Recicláveis Coomarrin, formada por famílias de baixa renda.

“Desta forma, além de promover o reaproveitamento desse material com descarte correto, ainda exercemos uma função social, que é a de gerar renda para famílias carentes. Cria-se assim uma cadeia econômica sustentável, inclusive com a geração de renda indireta ao município, pois essas famílias vendem o material reciclado para empresários do município, que também geram emprego e impostos”, explica Jolimar Costalonga Grancer, gerente do IP Minas, formado pelas empresas Quantum Engenharia e Fortnort Desenvolvimento Ambiental e Urbano.

Por mês, o IP Minas tem substituído cerca de 1.200 luminárias, representando 2,5 toneladas em material para reciclagem. “Essa parceria com o IP Minas veio em boa hora e vai nos ajudar muito. Agora as coisas vão melhorar. Acho que vou conseguir realizar o meu sonho, que é tirar um salário mínimo para cada família, e ainda dar uma cesta básica”, comemora Maria Lucy, presidente da cooperativa.