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Especialista questiona a importação indiscriminada do salmão chileno

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Especialista no assunto alerta para o perigo do consumo do peixe. No Brasil, a importação de salmão segue sem maiores cuidados.

       A pergunta feita diante do problema é por que o Brasil permite a entrada do salmão chileno sem agir? O questionamento parte do biólogo, mestre e ex-professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em aquacultura, Hélio Antunes de Souza. Segundo ele, a imprensa mundial tem alertado para os graves problemas da carne do salmão produzida no Chile, enquanto que no Brasil, as importações acontecem normalmente. Conforme explica, o problema não é recente. Os chilenos adotaram a política  de vender um peixe de carne linda, mas não tem se importado com a saúde de milhões de consumidores em todo o mundo, formulando ração para salmões com corantes químicos aplicados 20 ou 30 dias antes do abate, infectando a carne com salmonizante, betacaroteno a base de astaxantina e cantaxantina (Vitamina A).

        O objetivo é dar ao peixe o mesmo tom do salmão selvagem, com superdoses de uma ração com aditivos sintéticos, obtidos em laboratório. A verdade é que este peixe, que recebeu a fama de superalimento, repleto de Omega 3, que combate o colesterol ruim, é anti-inflamatório e traz inúmeros benefícios para o consumidor, não passa de um produto fake. Além disso, estudos apontam que consumir mais de 200 gramas desse pescado, numa média mensal, apresenta riscos de envelhecimento precoce cegueira e até (cancerígenos) inaceitáveis. Outras fontes que acompanham o caso de perto, alertam para o pior. Como os peixes são criados em confinamentos de altíssimas densidades adquirem enfermidades com facilidade e recebem altas doses de antibióticos e fungicidas que podem ser repassados em sua carne. Podem ter o dobro de gordura – em sua maioria de gordura saturada (péssima) e quase nada de Omega 3 (boa), o que só reduz a qualidade da carne.

       O especialista afirma que, esses produtos, uma vez na carne do salmão, e quando ingeridos em grande quantidade, prejudicam o organismo humano, em razão de que as moléculas dos corantes são absorvidas pelo intestino e encaminhadas através da corrente sanguínea até às células. Por sua vez, as células humanas não têm enzimas suficientes para quebrar essas moléculas, o que pode provocar o envelhecimento precoce e até mesmo cegueira porque as sobras as células armazenam como toxina. A questão é ainda mais abrangente para a saúde humana porque “Somente alguns estabelecimentos comerciais colocam a indicação da existência do corante na carne do salmão, embora seja obrigatório”, disse. O problema esta no vício (comer diariamente).

 

“Apenas 100 gramas de carne de salmão tem mais betacaroteno que na sua alimentação durante um ano. Caso se consuma uma ou duas vezes por mês, não há riscos neste quesito e é saudável,  porém, como  as pessoas viciaram no sushi, aí começa o problema”.

          O Biólogo argumenta com preocupação, que o pior de tudo é que o Brasil, ao importar os salmões chilenos, Chineses ou Noruegueses está comprando produtos que podem estar infestados por diversas doenças infecciosas, viróticas, riquétzias, bacterioses e parasitoses. A Maioria das enfermidades encontradas nos peixes desses Países não existe nos peixes brasileiros o que é um alto risco para os nossos estoques de peixes principalmente de criatórios se os salmões continuarem a entrar frescos e daí a importação indiscriminada poderá colocar em risco a piscicultura do país. O medo é de que qualquer dessas enfermidades possa aparecer cedo ou tarde nas águas brasileiras, transportado por estes salmões. “Para quem tem o hábito de comer carne crua de salmão precisa estar atento aos problemas que a carne pode oferecer”, salienta o especialista.

Outra doença ameaça o salmão do Chile

          Até mesmo a imprensa chilena tem dado destaque para um novo problema e que está ameaçando a produção de salmão. Em recente reportagem do jornalista Jorge Barreno, de Santiago do Chile, o país que é o segundo maior produtor do peixe no mundo está com a produção em risco. Conforme relata, há tempos especialistas alertam sobre uma possível aparição de uma nova epidemia causada pelo parasita  Caligus rogercresseyl, vulgarmente conhecida como a doença de Caligus. Trata-se de uma doença parasitária que afeta a pele dos peixes.

         O biólogo da Universidade do Chile, Héctor Kol, acha que esta doença terminal é um trampolim que favorece a geração de outras doenças graves como a própria ISA, que iniciou a maior crise sanitária, produtiva e social da indústria do salmão do Chile. A crise do vírus da ISA, é uma consequência de práticas ambientais precárias e má gestão sanitária, surgida em meados de 2007, provocando redução da exportação do salmão e a perda de aproximadamente 50 mil empregos diretos no setor.

Argentina em alerta para o salmão rosado

          O Jornal A Nacion, da Argentina também expôs, em recente publicação, os perigos que rondam o consumo do salmão chileno em razão dos antibióticos. Em recente estudo do Instituto da  Fundação UADE, em 66% da carne contém resíduos superiores de antibióticos permitidos e podem afetar a saúde dos consumidores. Os antibióticos são utilizados pelos criadores de salmão para combater as enfermidades que provocam as mortes dos peixes. Somente na Argentina, o consumo per capta, em 2016, foi em média 7,2 quilos da espécie.

           Diante da situação, o estudo aponta que o excessivo consumo intencional de medicamentos através dos resíduos presentes nos alimentos ingeridos, pode gerar uma seleção de bactérias resistentes aos antibióticos, e que poderiam futuramente ser muito difícil eliminar os efeitos no organismo humano. As pessoas infectadas estariam mais propensas a contrair outras enfermidades. Na Argentina, a maior quantidade do salmão consumido é importada do Chile. “Com a redução das exportações para os Estados Unidos e a Europa, o produto é “empurrado” para a América do Sul”, explica o especialista Hélio Antunes de Souza.

O salmão no Brasil

          Recentemente, ações foram tomadas e resultaram no embargo do produto no Brasil. Porém, cargas clandestinas têm ultrapassado as fronteiras. Por outro lado, este embargo não existe mais e tem entrado salmão fresco em grande quantidade, e obviamente trazendo junto problemas de saúde para os consumidores brasileiros. Hélio, como técnico, argumenta que o Brasil exporta carne bovina sem a mínima contraindicação, ao contrário da carne do salmão chileno que está repleta de problemas, e que além de causar riscos à saúde humana, poderá complicar a cadeia produtiva nos criatórios de peixes no Brasil.

          Entre as enfermidades mais graves, está o fato de pessoas no Brasil estarem adquirindo a difilobotríase (doença do peixe cru). A doença é causada por um parasita de peixes, conhecida como tênia dos peixes. A infecção é semelhante a da tênia solium e a tênia saginata, cuja contaminação ocorre através da ingestão de carnes de gado e de porco mal cozidas. O hospedeiro definitivo é o homem, porém, outros mamíferos como cães e gatos ao comerem peixe cru, também podem servir de hospedeiros.

          No Brasil, a Secretaria Estadual da Saúde do Estado de São Paulo, tem registrado anualmente ocorrências da enfermidade. Um exame simples de laboratório já identifica o parasita. Entre os sintomas dores abdominais, diarreia e gases. Porém, o verme é facilmente tratado através de medicações comuns. Diante dos problemas diagnosticados na carne do peixe, a desconfiança de afastado clientes assíduos de restaurantes, antes habitados por consumidores do peixe cru. Somente no ano passado foram importadas cerca de 12 mil toneladas. Somente num único restaurante chinês, de São Paulo, são consumidos, em média 10 kg de salmão, por dia. Porém, em muitos casos a carne do salmão tem chegado à mesa, grelhado.

        Outro caso, mais recente, é o caso de pacientes com vermes vivos sendo retirados do estomago com pinças. Há registros no exterior e no Brasil. São parasitas da espécie Anisakis simplex. Além disso,  no Chile foi emitido um alerta para a presença de uma bactéria Listeria monocytogenes a chamada (listeriose) que provoca uma grave infecção ao consumir alimentos contaminados por ela e recentemente foi reconhecido como um grave problema de saúde pública nos USA. A bactéria afeta principalmente pessoas idosas, mulheres grávidas, recém-nascidos e adultos com sistema imunológico enfraquecido. Mas podem afetar qualquer um e o índice de mortalidade é bem elevado. É um alerta e tem aparecido contaminação em salmões principalmente defumados.

Por Paulo Chagas